PROJETO DE TOMBAMENTO
DA PRAÇA SANTANA
I- INTRODUÇÃO
Preservar um patrimônio além
de ser uma maneira de se relacionar com o passado envolve diretamente
sentimentos e desejos de eternizar algo no presente e no futuro. A ameaça do
esquecimento é o motor que impulsiona a preservação, na medida em que “leva os
grupos a preservarem suas lembranças num impulso de se referenciar nelas.”
(D’ALESSIO, 2012, p.79).
Tombar um bem não
significa apenas dar- lhe reconhecimento e valorização, pois em cada domínio
preservado estão registrados e revelados a memória, a identidade e o valor de
um grupo. Sendo assim, a preservação parte de uma escolha do que é importante e
tido como elemento referencial de uma cultura. Essa seleção envolve disputas
entre o que deve ou não ser lembrado, elencado como componente comum que
representa a identidade coletiva de um grupo.
O ato de preservação também é permeado pela
dimensão afetiva, pois ao se contemplar um espaço, esse ambiente evoca
lembranças de um passado, produz sentimentos e sensações que revivem momentos
ali vividos e despertam memórias. Desse modo, cada edificação não carrega em si
apenas o aspecto material que a compõe, mas também, o simbólico e o funcional se
tornando assim um “lugar de memória”.
São lugares, com efeito nos três sentidos da palavra
material, simbólico e funcional, simultaneamente, somente em graus diversos.
Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos,
só é lugar de memória se a imaginação o reveste de uma aura simbólica. Mesmo um
lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma
associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um
ritual. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o exemplo extremo de uma
significação simbólica, é, ao mesmo
tempo o recorte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, para uma chamada concentrada
da lembrança. Os três coexistem sempre.
(NORA, 1993, p. 21- 22)
Nessa citação Nora
enfatiza que os lugares de memória são amplos e se revestem das três facetas
que coexistem, pois o material não se tornaria lugar de memória sem o simbólico
e o funcional que o acompanham e o dá sentido.
Cada bem preservado possui
um significado determinado que depende do grupo social, do contexto histórico e
do momento que foi inserido. Mesmo o
patrimônio possuindo sentidos diferentes, a salvaguarda é fundamental porque
preserva também os espaços de socialização, as manifestações cotidianas, as
interações humanas, além de conservar traços da vida comum, e mostra como vivia
aquela sociedade em determinada época.
Tomando as considerações
tecidas a respeito da preservação patrimonial, o presente projeto de tombamento
objetiva levantar dados e informações sistematizadas sobre o bem em questão, a
Praça Santana, e posteriormente buscar a salvaguarda e valorização desse local
que carrega historicidade e valor simbólico para o município de Andirá- PR, na
medida em que é parte constituinte de sua identidade local, como centro cívico
e religioso, palco dos principais acontecimentos da cidade, como a Festa de São
Sebastião, o padroeiro da cidade e o Réveillon, que acontece periodicamente
nessa localidade até os dias de hoje, além de representar uma importante “área
verde” localizada bem no centro, que quebra a monotonia da cidade, sendo assim
também é um patrimônio natural do município.
Quanto ao conceito de área
verde cabe mencionar a definição do mesmo elaborado por Lima et al. que conceituam
áreas verdes como:
Espaços livres de construção onde o elemento fundamental
de composição é a vegetação que juntamente com o solo permeável, deve ocupar no
mínimo 70% da área. Incluem as praças, os jardins públicos e os parques
urbanos. Os canteiros centrais de avenidas, os trevos e rotatórias permeáveis
das vias públicas e áreas que exercem funções estéticas e ecológicas, são
conceituados como área verde (1994, p. 108).
Nesse sentido como pode ser observada
na imagem seguinte, a Praça Santana constitui-se uma importante área verde,
pois possui uma ampla porcentagem de vegetação que não é a original daquele
solo, porque devemos considerar que naquela localidade antes havia o Bosque
formado por árvores nativas que foi derrubado, porém, esses arvoredos formam a
maioria da paisagem da praça, e são berçários e locais de repouso para alguns
tipos de pássaros, sendo assim, acreditamos que a Praça Santana pode ser sim considerada
área verde do município.
Já se pensarmos sobre a origem das
praças, descobriremos que tem procedência bastante longínqua, remetendo-se às
ágoras das cidades gregas e aos fóruns romanos.
De símbolo de
liberdade (a ágora ateniense era o lugar onde não só era possível fazer
reuniões, mas também onde cada um podia dar sua própria opinião) a símbolo de
poder (o fórum romano era local de comércio e de política popular), fórum e
ágora traduzem necessidade passada – perpetuada até hoje – de se ter um espaço onde
fosse possível reunir-se, comerciar, debater ideias, assistir a jogos e
representações, ou simplesmente ocupar a ociosidade do tempo. Antes de tudo,
eram espaços onde os homens exerciam sua cidadania, públicos que eram. (DE
ANGELIS, 2000, p.41).
No caso brasileiro, cabe destaque o
fato de que as praças surgiram no entorno das igrejas e formaram desse modo os
primeiros espaços livres públicos urbanos. Assim, atraíram as residências mais
luxuosas de cada localidade, os prédios públicos mais importantes e o principal
comércio da época, além de servirem como espaços de convivência da comunidade que
ali nascia e como uma espécie de elo desta com a paróquia. Sobre esse ponto
Marx (1980, p. 50) afirma que:
Logradouro público
por excelência, a praça deve sua existência, sobretudo, aos adros das nossas
igrejas. Se tradicionalmente essa dívida era válida, mais recentemente a praça
tem sido confundida com jardim. A praça como tal, para a reunião de gente e para
um sem-número de atividades diferentes, surgiu entre nós, de maneira marcante e
típica, diante de capelas ou igrejas, de conventos ou irmandades religiosas.
Destacava, aqui e ali, na paisagem urbana estes estabelecimentos de prestígio
social. Realçava-lhes os edifícios; acolhia os seus frequentadores.
Essa questão que Marx
aborda da “praça ser confundida com jardim” é bem clara no que concerne a Praça
Santana, tanto que como veremos ao longo do projeto os moradores e frequentadores mais antigos da praça a conhecem popularmente como “jardim” e
assim a consideram até hoje.
Porém, vale ressaltar que
as praças também têm se caracterizado atualmente como um espaço ora
desconsiderado, ora muitas vezes, abandonado no espaço urbano, carecendo de
zelo e sendo utilizado esporadicamente para alguns fins que descaracterizam seu
sentido em essência: o de local de encontro e convivência. As praças públicas,
principalmente nos grandes centros urbanos, perderam a atratividade que
exerciam sobre a população, em vista da disseminação de novos padrões de
consumo e lazer, representados, sobretudo, pelos shoppings centers e
pela televisão e mais recentemente pelo celular que tem atraído uma grande
quantidade de pessoas em seu entorno.
A praça, a avenida, a
multidão, enquanto expressões públicas da cidade, foram substituídas pelas
versões urbanas íntimas, demarca-se claramente o espaço individual separando-o
do coletivo, e reivindica-se a demarcação significa dessa visão em nome da
propriedade, da segurança, da tranquilidade íntima e da livre expressão. Nessa
nova imagem urbana colidem o público e o privado, prevalecendo o segundo sobre
o primeiro, na medida em que agora, os espaços coletivos urbanos – praças,
avenida, ruas, galerias, lojas e pavilhões - cedem lugar à habitação como
espaço urbano da intimidade, espaço vedado, seguramente protegido por portões,
grades, murros, múltiplos signos de vedação, o mundo da solidão, a casa como
lugar onde nos escondemos. (FERRARA,
1993, p.225).
Assim, nos dias atuais,
com as possibilidades de lazer oferecidas pela tecnologia à sociedade
contemporânea, espaços públicos como as praças se tornam pouco frequentados,
uma vez que as grandes cidades capitalistas não garantem a segurança da
população e se estruturam pela divergência entre o público e o privado. Deste
modo, para que a praça atraia o homem moderno, seduzido pelo mundo da
informação tecnológica e por novas opções de lazer, “ela precisa incorporar a
musicalidade de antigos coretos e resgatar a alegria das festas ancestrais,
reinterpretando-as com equipamentos de lazer ativo que reproduzam a mesma
animação, intensidade e vibração percebidas na televisão” (CASÉ, 2000, p. 63).
Sobre o que concerne ao interesse pela Praça
Santana como objeto de tombamento, esse se justifica, pois ela é o foco de
tudo, ali ficava o antigo bosque municipal, um dos primeiros referenciais da
cidade, datado de muito antes de Andirá ser elevado à categoria de município, portanto
dotada de valor simbólico, além de estar circundada por prédios significativos
como a Igreja Paroquial de São Sebastião e o Cine Teatro São Carlos, ambos
dotados de historicidade e parte integrante do patrimônio histórico andiraense.
E sem contar também que há uma demanda da população local pela preservação e
valorização daquele local, que insere peso justificativo sobre nossas escolhas.
A praça representa também uma das mais fortes expressões
sob as quais se constitui a cultura urbana de uma dada comunidade, confluindo -
se como localidade de destaque pela possibilidade de permitir o encontro e a
convivência. (BOVO; ANDRADE, 2012, p.05).
Lembramos por fim, também,
de outro aspecto muito importante: o trabalho com a História Local, com a
valorização e a aproximação das pessoas com sua realidade e com a oportunidade
de se sentirem sujeitos atuantes no escrever de sua própria história. No caso
de nosso projeto isso possibilita que as mais diversas camadas da sociedade
andiraense participem com suas memórias, lembranças e histórias sobre a Praça
Santana, importante patrimônio material e natural do município que merece ser
reconhecida como tal. O pesquisar sobre
o tema permite assim, que se sistematizem memórias, que poderiam ser apagadas e
perdidas com o tempo, e que serão registradas e conservadas além de servirem de
norte para nosso levantamento de dados a respeito da Praça, na medida em que
nos utilizaremos amplamente também de depoimentos para compor o trabalho para
complementar as fontes oficias escassas sobre o objeto em estudo ¹.
II-
O MUNICÍPIO DE ANDIRÁ E A PRAÇA SANTANA: UM BREVE DIAGNÓSTICO
A história do município de Andirá, como a de muitas
cidades do norte do Paraná, está interligada ao prolongamento da estrada de
ferro, da então Rede Viação São Paulo-Paraná.
A ferrovia exercia um papel fundamental na expansão desta ocupação, pois
era através dela que se estabelecia um elo de comunicação com as demais cidades
e por onde se garantia o escoamento da produção. A passagem da linha
ferroviária era a garantia da venda de terras, da ocupação do solo e de um
constante processo de transformação e crescimento urbano. Era uma ocupação de
território vista como “o progresso inevitável”, a inserção de uma região na
dinâmica da sociedade moderna. A ferrovia nesse momento não pode ser vista
somente como uma mudança no meio de transporte, ela representa claramente uma
mudança de interesses, de capital, de estratégia econômica, representando um
novo modo de dominação do território. Através da ferrovia foi possível alcançar
novos pontos do interior do país e consequentemente novos pontos comerciais e
produtivos. (CASSAGO, 2004, p.13)
___________
¹ Apesar
do empenho da pesquisadora não foram conseguidos junto às fontes os documentos
escritos desejados.
Como nos mostra Cassago a ferrovia
representou um papel decisivo para a ocupação do norte do território
paranaense. Várias cidades surgiram em suas margens ferroviárias entre elas a
cidade de Andirá.
Andirá foi fundada no ano de 1927 onde foi
construído, nas terras do senhor Bráulio Barbosa Ferraz, (um grande fazendeiro
de café) uma estação de trem, com o nome de Ingá e ao seu redor se originou um
pequeno povoado que recebeu o mesmo nome.
Esse núcleo urbano foi crescendo, com a vinda de várias
pessoas procedentes principalmente dos estados de: São Paulo, Minas Gerais e de
locais da região Nordeste. Em 30 de março de 1935 “através do Decreto-Lei
Estadual número 347, o povoado de Ingá foi elevado à categoria de Vila”,
(ANDIRÁ, 1987, p. 4). Nesse período Andirá segundo dados históricos possuía
cerca de 800 habitantes. Cabe nesse momento, citar um trecho retirado do livro:
“Andirá no Cinqüentenário do seu Rotary
Club” que além de ilustrar o aspecto da localidade na época nos traz as
primeiras informações sobre o antigo Bosque, que ficava localizado
anteriormente onde se encontra nosso objeto de estudo, a Praça Santana:
Ingá na década de 1930, possuía 4 ou 5 ruas, com poucas
casas, mas possuía um bosque com mata virgem, árvores frondosas. E havia uma
grande figueira, ponto marcante do bosque, em cuja volta, nós crianças
brincávamos e os adultos descansavam, namoravam e tiravam retratos. Essa
figueira ficou na memória e acompanhou a vida de muita gente, até que um dia,
sem se saber por que, foi derrubada. O bosque durante anos foi ponto de
encontro da população. Nos feriados nacionais, festas da Igreja, havia a banda
de música que tocava no coreto. (...) No dia em que a figueira foi derrubada,
com ela todo o bosque caiu por terra. Acabavam-se as verdadeiras festas de São
Sebastião no bosque. (MARCHINI In RAMOS, 2003, p. 42-43).
Sobre essa citação de
Odila Guide Rozário Marchini, podemos perceber que o referido Bosque tratado acima,
já era um dos locais mais importantes para o vilarejo que originaria anos mais
tarde a cidade de Andirá. As festividades e reuniões que lá ocorriam, nos
mostram que aquela localidade fazia parte da identidade local da população. A
figueira citada se constitui uma espécie de árvore nativa, hoje pouco
encontrada na região, de grande porte, tal árvore era uma espécie de marco do
local, carregado de grande carga simbólica para os moradores.
Em 1943, mas precisamente
no dia 31 de dezembro, a vila Ingá foi elevada à categoria de município,
recebendo o nome de Andirá, e se desmembrado assim da Comarca de Cambará. Nesse
momento ainda havia no local que hoje se constitui a Praça Santana, o referido
bosque, como podemos constatar nos depoimentos contidos no já citado livro ”Andirá no Cinqüentenário do seu Rotary Club”
que nos mostra que a atual Praça só foi inaugurada quase 10 anos depois em
1952:
Durante a gestão de Orlando Urizzi, de 1951 à 1955, foram
inúmeras obras realizadas no município, sendo todas de grande importância para
a população. Construção da Praça Santana (antigo bosque), construída pela firma
de Lauro Jorge Tramontini e inaugurada em 15 de novembro de 1952. (GALDINO In RAMOS, 2003, p. 551).
A Praça Santana foi construída
e se encontra até hoje, portanto no Centro da cidade, entre os cruzamentos das
Ruas Rio de Janeiro, Europa, Minas Gerais e Pará.
Algumas das questões que
nos intrigam dizem respeito ao motivo que levou ao derrubamento do Bosque e a
construção da Praça. Acreditamos fortemente que tal causa está inserida dentro
da ideia de “progresso”, onde sendo assim, a remodelagem das cidades deveria
obedecer a certos padrões estéticos hegemônicos, o que não incluía um bosque,
formado por mata nativa, localizado no centro da cidade, em frente à Paróquia.
Lembramos também que não se tinha a ideia disseminada do valor da preservação
ambiental vigente hoje e no período havia ainda a abundância de florestas ao
redor da localidade, sendo assim, salientamos que essas são apenas hipóteses
levantadas sobre a problemática em questão, que, quiçá, possam ser respondidas.
A Praça Santana passa a
sitiar após sua construção os eventos que antes ocorriam no Bosque. A própria
Festa de São Sebastião, padroeiro da cidade, passa a ocorrer naquela localidade
e permanece até os dias de hoje, o Réveillon, também é realizado anualmente
naquelas dependências onde a população da cidade se reúne para ver a queima de
fogos. Recentemente também, a Praça é enfeitada e ganha decoração natalina por
volta do início do mês de dezembro, o que atraia a população para aquele local,
para retirar retratos, compartilhar bons momentos, enfim socializar.
Levamos em consideração
também que como uma forma espacial criada para desempenhar uma determinada
tarefa ou função ao longo do tempo, a praça vai adquirindo diferentes
significações sociais, conforme os diferentes valores que lhes atribui à
estrutura socioeconômica. Foi com base
nessa perspectiva, ou seja, na idéia de que o espaço é sempre transformado e
produzido pela sociedade, adquirindo formas e funções que se modificam conforme
a estrutura socioeconômica, que nos propusemos a estudar a praça em foco, pois
algumas práticas que ali ocorriam como as tradicionais “voltas no Jardim” nos
fins de semana, deixaram de existir, aquela localidade não é mais ponto de
encontro da juventude andiraense como era antes, como nos mostra o depoimento
escrito de Maria Mercedes Picelli, enviado em 02 de outubro de 2015:
Na adolescência e juventude, no sábado, após a
"reza" da Igreja Católica ou da sessão dominical do Cine São Carlos
caminhávamos na parte central da Praça sendo as moças juntamente com as amigas
em uma direção e os rapazes a percorriam no sentido inverso e outros ficavam
parados só observando. Assim que um deles tinha interesse por uma moça fazia o
convite para caminharem na parte externa ou se sentarem num dos bancos laterais
e o namoro poderia ser iniciado.
Com as mudanças
empreendidas com o tempo, os jovens andiraenses deixaram de freqüentar a Praça
e passaram para espaços diferenciados, onde praticam o lazer e a socialização
de formas distintas das pessoas das gerações anteriores, que tinham na Praça
Santana o principal local de divertimento como nos evidencia as memórias dos
moradores.
Outro aspecto que não pode deixar de ser
citado diz respeito à própria conservação da estrutura original da Praça, que
apesar de ter sido remodelada em 2010, pela Urbamax
Empreendimentos e Construções Ltda ainda preserva sua composição
arquitetônica, mesmo não possuindo mais os primeiros bancos colocados no local
que homenageavam as primeiras famílias e eram de pedra, nem os mesmos postes
originais e possuindo hoje um coreto que não fazia parte da construção
primordial, mas que foi construído em meados da década de 1980, o local ainda
preserva a sua estrutura antiga como pode ser observado nas imagens abaixo:
Diante do exposto e
baseado legalmente no Artigo 216 que estipula o patrimônio cultural brasileiro
e na Lei municipal N° 1920 de 19 de março de 2009 que dispõe sobre a
preservação do Patrimônio Cultural e Natural do Município de Andirá, deixamos
aqui nossas contribuições nesse estudo para que a Praça Santana possa ser
valorizada e protegida como um bem material e natural de Andirá, pois
Ao se contemplar um espaço de relevância histórica, esse espaço evoca
lembranças de um passado que, mesmo remoto, é capaz de produzir sentimentos e
sensações que parecem fazer reviver momentos e fatos ali vividos que
fundamentam e explicam a realidade presente. Essa memória pode ser despertada
através de lugares e edificações, e de monumentos que, em sua materialidade,
são capazes de fazer rememorar a forma de vida daqueles que no passado deles se
utilizaram. Cada edificação, portanto, carrega em si não apenas o material de
que é composto, mas toda uma gama de significados e vivências ali
experimentados. (TOMAZ, 2010, p.02).
III-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o levantamento
preliminar das informações e dados acerca da Praça Santana constatou-se a importância
de tal localidade para várias gerações que ali vivenciam experiências, se
relacionaram, construíram histórias de vida e compartilharam momentos marcantes.
Os depoimentos escritos colhidos além de demonstrar
saudosismo, reivindicaram a necessidade de preservação desse local, de
valorização daquele ambiente como parte identitária do município, na medida em
que mesmo antes de sua própria fundação, (quando era um bosque) aquela
localidade já representava importante centro de encontro e lazer, além de
referencial da cidade. A Praça Santana possui continuidade histórica, pois
desde sua fundação no ano de 1952 até os dias atuais os principais eventos da
cidade ocorrem naquele local. Portanto, a historicidade do bem é comprovada,
juntamente com sua relevância para a memória, identidade e formação da
sociedade andiraense, sendo assim, deve ser preservada e valorizada como um bem
patrimonial material e natural do município.
FONTES
ANDIRÁ, Prefeitura Municipal. Andirá: 60 anos de pioneirismo. Sua
história, o presente e o futuro. Edição Histórica. Andirá, agosto de 1987.
Depoimentos escritos da população
andiraense enviados via rede social. (Facebook)
Fotos de família enviadas via rede
Social. (Facebook)
Lei Municipal de Andirá número 1920 de
19 de março de 2009. Disponível em: <andira.pr.gov.br/instances/6/dados/.../2009/L_N1920_19-03-2009.pdf>.Acesso
em 20 de outubro de 2015.
RAMOS, João Adilson. Andirá no Cinqüentenário do seu Rotary Club.
Curitiba: Departamento de Imprensa do Estado do Paraná, 2003.
ZANONI, Magaly Meira Piceli. Minhas lembranças de menina andiraense. Andirá:
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REFERÊNCIAS
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BONACIN, Vilson Francisco; GALDINO,
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CASSAGO,
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